Senna no pódio da 100ª vitória da Mc Laren
“Mas quando Deus quer ninguém muda o destino”
Desabafo de Senna depois de vencer o grande prêmio que marcou a 100a vitória da McLaren na Fórmula 1, em 23 de marços de 1993, o GP do Brasil, em Interlagos.
E pensar que Ayrton Senna quase não largou em Interlagos! Não houve acerto com a McLaren-Marlboro e o contrato, que deveria ser assinado na quarta-feira anterior à corrida, quase gorou. Porém, Ayrton não parecia tão desapontado com o lado comercial da carreira, tanto que surpreendeu os passistas da Escola de Samba do Estácio de Sá, campeã do carnaval carioca de 1993, na comemoração da vitória, uma semana após o desfile oficial.
Ayrton Senna se transformou num figurante improvisado da escola. Mal saído da primeira corrida do ano, o Grande Prêmio da África do Sul, o tricampeão parecia mais preocupado com a passarela da avenida do samba, do que com as pistas de corridas. O Rio de Janeiro estava em festa com o desfile das escolas vencedoras, e Senna aproveitou para assistir de camarote o desfile das campeãs.
Mas quando a Estácio passou, o piloto não resistiu. Por vinte minutos, exibiu-se com agilidade, rebolando no sambódromo, ao som do samba-enredo, com uma energia de fazer inveja à ala dos passistas.
A diretoria da Escola ficou tão impressionada com o ritmo de Ayrton Senna, de cocar e penacho na cabeça, acompanhava os breques da bateria, que pensou em duas providências para os futuros carnavais. A primeira era convidar o piloto para ser destaque no desfile de 1994, e a segunda, desafiar os compositores da Escola a pensar num samba-enredo tendo Ayrton Senna como tema – fato que só ocorreu neste ano de 2014.
Já no GP do Brasil aconteceu de tudo: caiu muita água, houve nove acidentes, três colisões — uma delas entre Alain Prost e Christian Fittipaldi —, troca de pneus de chuva para slick, a primeira entrada do safety car — por oito voltas — na história da F 1, e, por fim, Senna deu um passeio na grama antes de fazer uma bela ultrapassagem em Damon Hill, de Williams-Renault.
Mas ainda faltava o suspense, E ele aconteceu na penúltima volta, quando acendeu luz do painel do McLaren acusando que pressão de óleo estava crítica. Era o aviso final de que o motor explodiria.
Senna admitiu, depois da prova, que chegou a imaginar uma fumaceira levantando atrás do McLaren. Tremeu e decidiu não olhar mais para o painel de instrumentos. Ao entrar na reta, começou a rezar e ainda estava em preces quando o motor apagou, por intervenção do chip que desliga eletronicamente o motor e evita a sua explosão. Felizmente, ele já tinha ultrapassado a bandeirada a 50 metros. Como disse Senna, quando Deus quer…
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