Schumi com a Ferrari na curva Stowe, em Silverstone 1999
O pior fantasma na memória dos 16 anos de carreira de Schumacher na
F-1, foram os dois segundos de terror, no GP da Inglaterra de 1999. A sua Ferrari bloqueou os freios traseiros na entrada da veloz curva Stowe e projetou-se contra a muralha de pneus a 312 km/h. Quando a poeira baixou, a Ferrari estava sob uma montanha de pneus e Schumi dando sinal de vida com leves acenos com a mão esquerda.
Ele foi levado de Silverstone para o hospital de Northampton, de onde veio o primeiro laudo: fratura dupla na tíbia e perônio da perna direita, rompimento parcial nos ligamentos do joelho esquerdo mais contusões generalizadas nos membros inferiores. Schumacher não corria risco de morte, mas o fim de carreira parecia certo. Os jornalistas que cobram aquele grande prêmio apressavam em enviar os números da carreira do alemão em tom de epitáfio profissional do piloto:
Michael Schumacher, bicampeão mundial com 35 vitórias, 21 pole positions e 558 pontos em 124 grandes prêmios, em oito anos de carreira.
O que o mundo só soube depois, é que assim que Schumacher soube do diagnóstico pediu ao doutor Sid Watkins, então o médico oficial da F-1, que atendeu o piloto, levasse a seguinte mensagem a Ferrari:
“Contratem um piloto para oito corridas que eu retorno antes do fim do campeonato”
Schumacher cumpriu a palavra. Voltou no GP da Malásia 95 dias depois da quase tragédia, como quem retornava de férias. Cravou a pole position em 1’39”688, nada menos do que 947 milésimos abaixo do tempo de Eddie Irvine, seu parceiro de Ferrari e um segundo melhor que a dupla da McLaren, David Coulthard e Mika Hakkinen, os seus grandes adversários naquela temporada.
Schumi foi fantástico. Todos reconheciam nele o melhor primeiro piloto do mundo, mas naquele GP da Malásia provou que ele também era o melhor número dois.
Largou parelho com Irvine, mas deixou o companheiro assumir a ponta e passou as 56 voltas da corrida barrando Mika Hakkinen, que liderava o campeonato com dois pontos de vantagem sobre Irvine, 62 a 60.
O belo trabalho de equipe de Schumacher deu a vitória e a liderança do campeonato a Edddie Irvine – 70 a 66 – e a chance do irlandês ser campeão na corrida seguinte, a do GP do Japão, o último daquele ano de 1999. Porém, Irvine não aproveitou o presente. Não foi além da 3ª colocação, atrás de Mika Hakkinen, que ganhou a corrida e o campeonato (76 a 74) e de Michael Schumacher, que, no ano seguinte, tornou-se tricampeão. (LM)
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